Tive as mãos tão frias no Natal de agora...
Fui até à rua estava mesmo frio!
Já dezoito horas, era tarde a hora,
Mas o meu Café não estava vazio
Estivera mais cheio quando foi de dia,
Mais nenhum abriu nestas ruas todas;
É Natal, é Festa, Café de alegria,
Juntaram-se amigos, a falar, em rodas
Bebi café quente, um vinho do Porto,
No balcão havia ainda alguma gente;
Fiquei uns minutos, cogitando absorto,
Em como um Natal pode ser diferente...
Ao meu lado estavam, com seu estilo eslavo,
Já um pouco alegres, um ar todo ufano,
Bebendo aguardente um homem moldavo
Tendo junto dele, um ucraniano
Falavam estrangeiro, não os entendia...
Mas faziam festa entoando Vivas;
Vi pelos seus olhos certa nostalgia
Fiz pra lhes falar várias tentativas
Captavam a língua do grande Camões!
Entendi motivos, vi sua vontade...
Estavam entre nós, vida aos trambolhões,
Mulheres... filhos longe... sentiam saudade!
E só de dizer-lhes que já visitei
Algumas cidades da Europa-leste,
Olhei os seus olhos e neles notei
Ficar a saudade bem menos agreste
Falámos de ruas, de estátuas que vi,
De alguns monumentos, de jardins, de rios...
Por uns bons momentos "voaram" daqui
Senti que gostaram dos meus "desafios"
Falaram dos filhos, esposas, amor,
Das dificuldades que têm passado!
Mas vi nos seus olhos um brilho, um calor,
Um ar de quem fica bem mais confortado!
Subi minha rampa, o queixo rangente
Pelo frio que tive até junto à porta!
Mas meu coração, esse vinha quente,
Do calor da alma quando alguém conforta.
Joaquim Sustelo
25.12.2009 - 19,30 h